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'Avatar: Fogo e cinzas' e 'O caminho da água' nasceram como um filme só, diz James Cameron

“Avatar: Fogo e cinzas” e o capítulo anterior da franquia nasceram como um só filme na cabeça de seu criador, o cineasta James Cameron.

O novo episódio, em cartaz nos cinemas brasileiros desde quinta-feira (18), se tornou algo próprio quando o diretor/corroteirista percebeu que tinha “história demais” — por mais que ambos tenham sido filmados ao mesmo tempo.

“Estávamos tentando encaixar muita coisa no primeiro ato do filme 2, que acabou se tornando ‘O caminho da água’ (2022) — incluindo a transformação do Spider (Jack Champion), sobre a qual não queremos falar muito —, então eu dividi a história ao meio e movi isso para fora, e isso se tornou o elemento central de ‘Fogo e cinzas'”, afirma o cineasta, em um hotel de Los Angeles, em entrevista ao g1.

Até por isso, o filme é uma continuação muito mais direta de seu antecessor do que o subtítulo sugere — e também muito mais ligado aos oceanos da lua de Pandora, onde a história acontece desde o estrondoso sucesso do primeiro “Avatar”, que arrecadou quase US$ 3 bilhões desde 2009.

A trama acompanha novamente o antigo soldado reencarnado como Na’Vi (Sam Worthington), agora lidando com as consequências emocionais e familiares da perda do filho mais velho (Jamie Flatters).

Para proteger os mares de seu lar da ambição dos colonizadores humanos, ele busca novos e antigos aliados enquanto enfrenta uma nova dinâmica dentro da própria família — especialmente na relação com Neytiri (Zoë Saldaña).

Mais do que a introdução do Povo das Cinzas, a tribo hostil de Na’Vi apresentada no filme, Cameron diz que o coração da história está na continuidade direta dos arcos iniciados em “O caminho da água”.

“É na continuação dos arcos dos personagens do 2 para o 3 onde eu acho que está a força: o que acontece com o Spider, o que acontece com a Kiri (Sigourney Weaver), o que acontece com o Jake e a Neytiri e o casamento deles, a história de amor deles, que agora está sendo despedaçada pela perda do filho mais velho, e pelo ódio e pela fúria dela, que se tornam bastante racistas no filme.”

Uma ideia na cabeça e um Cameron na mão

A captura de performance — tecnologia que transfere com precisão as atuações dos atores para os personagens digitais — de “Fogo e cinzas” e “O caminho da água” levou cerca de 18 meses, um tempo muito maior do que o de uma filmagem tradicional.

As gravações de “Titanic”, outro sucesso gigantesco da carreira de Cameron, levaram cerca de seis meses, por exemplo.

Com os “Avatar”, o processo lhe dá uma liberdade inédita. Por mais árduo que seja o processo do registro das atuações, depois disso os atores estão livres para seguirem para o próximo projeto — e o cineasta, por sua vez, tem controle quase absoluto sobre as performances.

“Agora eu posso estar aqui ou posso estar filmando de um helicóptero, ou qualquer coisa entre uma coisa e outra. Posso pegar uma cena de dia e transformá-la em uma cena noturna. Posso adicionar chuva. Posso fazer todo tipo de coisa.”

Apesar da ambição técnica e do histórico de sucesso da franquia, o futuro de “Avatar” ainda não está garantido. Mesmo com mais de US$ 5 bilhões arrecadados pelos dois primeiros filmes, Cameron diz que a série ainda precisa se provar como modelo de negócio sustentável.

“Até agora, batendo na madeira, tivemos sorte, mas dois filmes não traçam muita curva, certo? Precisamos de um terceiro — precisamos de um terceiro ponto de dados para ver o quão viável essa franquia é.”

Com orçamento estimado em cerca de US$ 400 milhões e outros US$ 150 milhões destinados a marketing, “Fogo e cinzas” precisa arrecadar quase o triplo desse valor para ser considerado rentável.

“Até algumas das franquias de elite, como ‘Star Wars’ e Marvel, tiveram seus altos e baixos. E nós nem estamos nesse patamar ainda”, afirma.

As histórias de “Avatar 4” e “Avatar 5” já estão escritas, segundo o diretor, mas sua realização depende do desempenho do terceiro capítulo.

“Eu sei o que faria se fizermos esses filmes. E as histórias são muito boas. Mas isso precisa funcionar como um modelo de negócio. Há muitos empregos em jogo. Há muito dinheiro em jogo.”


Fonte Original: G1