Carregando agora

Lula inaugura Ponte da Integração entre Brasil e Paraguai, mas tráfego ainda não está liberado para todos os veículos; entenda

A Ponte da Integração Jaime Lerner, que liga Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, à cidade de Presidente Franco, no Paraguai, foi inaugurada na tarde desta sexta-feira (19) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A ponte, concluída desde 2022, passa a funcionar de forma gradual, com restrições de tráfego.

Segundo a Receita Federal, a partir da noite de sábado (20), está autorizado somente o trânsito de caminhões vazios, nos dois sentidos, em horário limitado: entre 22h e 5h. A partir de 18 de janeiro, ônibus de turismo fretados poderão circular das 19h às 7h. Ainda não há previsão para a liberação de carros e motos.

O Ministro dos Transportes, Renan Filho, disse em coletiva de imprensa durante a inauguração que a nova ponte será adequada gradualmente para o tráfego de veículos e, posteriormente, de pedestres. No momento, o tráfego não será liberado para todos os veículos para não sobrecarregar o tráfego em Presidente Franco, uma vez que o trânsito vai passar por dentro da cidade paraguaia. Segundo o ministro, o Paraguai ainda deve executar obras de infraestrutura na cidade para que o tráfego seja desviado.

A nova ponte é a segunda ligação viária entre Brasil e Paraguai na região, mais de 60 anos após a inauguração da Ponte da Amizade. A expectativa, segundo a Itaipu Binacional – que atua como agente financiador do projeto –, é que a estrutura ajude a aliviar o tráfego intenso da ponte antiga, considerada uma das fronteiras terrestres mais movimentadas do país, com circulação diária de cerca de 100 mil pessoas e 45 mil veículos.

Histórico da obra

As discussões sobre a construção da Ponte da Integração começaram nos anos 1990, mas o projeto só ganhou forma em 2005, com um acordo internacional que definiu o traçado e atribuiu ao Brasil a responsabilidade técnica e financeira da obra.

A construção teve início em agosto de 2019, com previsão de conclusão para fevereiro de 2022. A estrutura chegou a ser entregue no fim do governo Jair Bolsonaro, mas permaneceu fechada por entraves operacionais, principalmente relacionados à implantação das aduanas e das rodovias de acesso à ponte nos dois países.

De acordo com o Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR), os atrasos ocorreram, sobretudo, no lado paraguaio, devido a dificuldades na infraestrutura de fiscalização. As obras físicas foram concluídas em outubro de 2023.

Confira o histórico da obra:

  • 1992 – Brasil e Paraguai assinam uma Ata de Entendimento para a construção da segunda ponte entre os dois países;
  • 1994 – O acordo é aprovado pelo Congresso Nacional;
  • 2005 – Novo acordo internacional define o traçado da ponte entre Foz do Iguaçu e Presidente Franco e atribui ao lado brasileiro os estudos técnicos e ambientais, o projeto de engenharia e o financiamento da estrutura principal;
  • 2012 – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) publica o primeiro edital de licitação para a construção da ponte;
  • 2014 – Dnit lança novo edital. Entre 2014 e 2017, o órgão conduz a contratação integrada dos projetos técnicos e o processo de licenciamento ambiental;
  • 2017 – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) concede a licença ambiental;
  • 2018 – Governo Federal estrutura uma solução institucional para viabilizar a obra, envolvendo a Itaipu Binacional como agente financiador;
  • 2022 – Obra da Ponte de Integração é entregue, inauguração é marcada e adiada.
  • 2023 – Ponte Internacional da Integração é concluída oficialmente em outubro.
  • 2025 – Inauguração da obra.

Importância estratégica

A Ponte da Integração liga Foz do Iguaçu a Presidente Franco, uma rota voltada principalmente ao transporte de cargas. A expectativa é que, com o funcionamento pleno, parte do fluxo pesado deixe de passar pela Ponte da Amizade, reduzindo congestionamentos na área urbana e melhorando a logística do comércio bilateral.

Somente em 2024, o comércio entre Brasil e Paraguai movimentou cerca de US$ 8,6 bilhões, com mais de 150 mil caminhões cruzando a fronteira, segundo dados da Receita Federal.

Ausência de rodovia e aduanas impedia acesso

Mesmo após a entrega da ponte, em dezembro de 2022, a falta de aduanas, postos de fiscalização e acessos viários impediu a liberação do tráfego internacional.

Para a resolução do problema, foi construída no Brasil a Perimetral Leste, em Foz do Iguaçu, uma rodovia de cerca de 15 quilômetros que conecta a nova ponte à BR-277.

No Paraguai, as estruturas necessárias avançaram mais lentamente e só começaram a ser planejadas depois da finalização da ponte.

Leia também:

Estrutura da nova ponte

A Ponte da Integração é uma obra pública federal binacional, resultado de um acordo entre Brasil e Paraguai.

A obra foi executada pelo DER-PR, com investimento de aproximadamente R$ 372 milhões, pagos pela Itaipu Binacional. A estrutura tem 760 metros de extensão e um vão livre de 470 metros — o maior da América Latina. Os mastros chegam a 190 metros de altura no lado brasileiro e 185 metros no paraguaio.

Projetada inicialmente para receber apenas caminhões, a ponte teve o uso ampliado para todos os tipos de veículos após estudos técnicos, mudança que também contribuiu para o atraso na liberação.

A expectativa é que o funcionamento ocorra de forma gradual, começando pela passagem de caminhões vazios.

A nova ligação deve aliviar o tráfego na Ponte da Amizade, principal rota entre os dois países, e conhecida pelas longas filas de veículos.

Somente em 2024, segundo a Receita Federal, mais de 150 mil caminhões circularam entre Brasil e Paraguai, movimentando cerca de US$ 8,6 bilhões em comércio bilateral, com cargas como grãos, carne, fertilizantes e máquinas agrícolas.

VÍDEOS: Mais assistidos do g1 Paraná

Leia mais notícias no g1 Paraná.


Fonte Original: G1